26 de jul. de 2022

A Mulher da Culpa Abandonada, por Datena

A Mulher do Programa Abandonado

Vamos falar sobre a pessoa que escravizou uma funcionária, proporcionou condições de trabalho desumanas a ela e fala que é melhor amiga dela. Não estamos falando do seu chefe, mas sim da mulher da casa abandonada. Sim, Margarida Bonetti, moradora do nobre bairro de Higienópolis, mais conhecida como a mulher da casa abandonada, vizinha da Sônia Abrão, a mulher do programa abandonado.

A verdade é que não se tem muito o que falar sobre a mulher da casa abandonada, tudo o que era pra ser contado já foi feito no podcast (sim, sempre um podcast) do jornalista Chico Felitti. Vou me ater neste excerto aos curiosos fatos que cercaram – e ainda cercam – o caso.

Alguns mistérios permeiam este curioso caso. Você sabe por que a mulher da casa abandonada gosta tanto de abacate? Poucos sabem, mas isso é fruto (fruta também) de um caso de amizade profunda. Depois de escravizar uma senhora nos Estados Unidos, Margarida relatou que considerava a sua funcionária uma grande amiga. Foi a partir dessa relação de paixão que Margarida desenvolveu um grande fascínio por abacates, fruta que, devido à semelhança, a faz lembrar com muito carinho do tumor que ela proporcionou à senhora escravizada.

Outro mistério que acompanhou a história da mulher da casa abandonada foi a verdadeira face de Margarida, que sempre esteve coberta por Hipóglos para evitar assaduras de tanta merda que sai daquela boca. Contudo, tal mistério teve um fim na semana que passou, quando o Brasil continuou parado (sempre achei estranho falar “o Brasil parou”) para acompanhar em tempo real o mandado de busca e apreensão que a polícia fazia na casa dela. Pois é, descobrimos o seu rosto e descobrimos que era melhor ter continuado usando Hipoglós.

A transmissão desse circo todo começou no Instagram da Luísa (que não se chama Luísa) Mell (que não é da família Mell) devido a um mal entendido. Aliás, temos que parar de usar a mesma palavra “não-oficial” para vários significados. Falou-se que a casa da Margarida tinha um gato e logo apareceu lá a Enel pra verificar se tinha furto de energia, a Luísa Mell para checar se tinha algum animal sendo maltratado e o Gominho atrás de um boy magia. A única coisa que descobriram era que tinha um cachorro vivendo em condições precárias, desumanas e insalubres quando acharam o animal vivendo entre os seios de Margarida.

Como todos sabem (se você não acompanhou, você não sabe, logo, você não é todos) o crime cometido por Margarida prescreveu, haja vista que ela estava foragida dos Estados Unidos e por aqui ninguém se preocupou em procurar fazer justiça com pessoas que estejam dois tons de pele acima do preto. Porém, advogados dizem que ela poderia ter sido julgada no Brasil... e foi o que aconteceu. O juiz oficial da república, Datena, que narra perseguições, entrevista delegados e não frequenta fonoaudiólogos, exibiu o caso ao vivo em seu programa. Como é público e notório, o apresentador não baixa o sarrafo com criminosos (aqueles que cometem crime, sabe?), comemorando, por vezes, a prisão dos indivíduos. E, claro, não foi isso que aconteceu. Espero que todos entendam que crime, na constituição do “Brasil Urgente” redigida pelo juiz José Luiz Datena, é apenas roubo, homicídio e tráfico, com agravante se o criminoso for preto. Escravizar uma idosa se encaixa perfeitamente na retórica “ela tem problemas mentais” e não no discurso “é bandido, vagabundo e merece cana.”

Duas coisas eu aprendi assistindo “Brasil Urgente”: bandido bom, é bandido morto e criminosa foragida boa, é dentro de casa não fazendo mal a ninguém. Nunca mais assistirei esse programa. Ok, foram três coisas.

20 de jul. de 2022

Pra quê limitar o humor se podemos limitar a felicidade?

 

Tempos Modernos: cinema mudo voltará a ser tendência para fugir da censura à comédia

Em uma semana tensa onde Léo Lins foi demitido por justa causa, pois estava com dificuldade em exercer a sua função e arrancar risadas, levanta-se novamente o velho debate sobre qual é o limite do humor. Tal debate começa sem sentido a partir do momento que você não discute o limite da felicidade. Pessoas com felicidade ilimitada transformam a vida da pessoa infeliz numa eterna música da Cláudia Leitte, você acha que nunca vai acabar esse tormento. São pessoas sem senso algum de coletividade que conseguem se divertir com histórias repetidas, pegadinhas e vídeos do Thiago Ventura.

Limitar o humor não entraria em pauta se limitássemos a felicidade das pessoas. Se cada pessoa fosse restringida a rir três vezes por dia, quem não tem o hábito de rir essa quantidade ia começar a rir mais, afinal, como aprendemos no parágrafo anterior, a felicidade alheia reforça a infelicidade. E o inverso também se aplica!

Essa alternativa iria normalizar todos os tipos de humor e tentativas de humor (viu, Victor Sarro?!), fazendo com que o público não se sentisse tão amargurado à ponto de questionar tais limites que nunca deveriam existir. Só assim para acabarmos de uma vez por todas com a pergunta “qual é o limite do humor?”, até porque todos já sabemos que o limite do humor é rir do Vai que Cola.

11 de jul. de 2022

Barbie, o filme, precisa ter um rival brasileiro!

 

Barbie Conservadora: vem com arma (de verdade), é temente a Deus e se apertar a barriga fala "é culpa do comunismo". ATENÇÃO: se levá-la a um casamento gay, ela tem um dispositivo automático de auto explosão.

A internet está alvoroçada, inquieta e só falando deste assunto. Obviamente não se trata do podcast do Yudi, que teve apenas dois pilotos. O que já causa um certo espanto ele ter levado dois episódios para entender que não ia pra frente. Estou falando do filme da Barbie que será lançado em 2023. Apesar de faltar um ano para o lançamento, se juntar todos os flagras das gravações que caíram na internet, pode-se dizer que assistimos à versão gibi do filme.

O enredo todos conhecem, é um filme que tem muita representatividade se você for a Manu Gavassi. Apesar de não ter sido confirmado ainda, há fortes indícios que serão lançados 30 filmes diferentes: “Barbie patinadora”, “Barbie verão” e “Barbie faria limer” são alguns. Aliás, uma das grandes reclamações de quem vive os problemas do mundo real é que a personagem deve ser modernizada. No mundo de hoje, a Barbie deveria fazer terapia, cancelar blogueiras na internet e virar fã do Metallica porque assistiu Stranger Things. Manu Gavassi não reclamou, para ela a Barbie já é um retrato do mundo real.

Acredito que, apesar das reclamações, a ideia do filme é retomar os valores da Barbie raiz, que anda de patins e não se importa com o preço da gasolina. As Barbies de hoje em dia fumam pen drive e tatuam o pulso achando que sai com cuspe. Quando percebem que não sai, estão condenadas a viver tatuada com um carpe diem sem nem saber o significado. E aí acontece uma situação extremamente constrangedora quando descobrem o que significa e se dão conta que é impossível aproveitar todos os momentos. Gastou muita saliva à toa. Pelo menos descobriu que é um líquido que não serve para nada, nem para remover tatuagem.

Não tenho um posicionamento definido quanto a essa questão da personalidade da Barbie no filme que está sendo produzido, mas a minha sugestão é que o Brasil aproveite a empolgação e produza o filme da Susi para rivalizar com a Barbie. Léo Picón cairia como uma luva no papel principal, não precisa nem de teste. Para ganhar mais força ainda, é só lançar com o título “Susi: a biografia de Felipe Neto” e fazer a festa de lançamento na Farofa da GKay.

Por mais filmes de bonecas nos cinemas!


10 de jul. de 2022

Show cover: Gabriel, o Pensador precisa aderir à essa moda em seus shows!

Acima os integrantes da principal banda cover do Metallica no Brasil

Os dias da semana sempre se apresentaram para mim de uma maneira confusa. O fim de semana é algo tão esperado que, ironicamente, faz do domingo o pior dia da semana, pois representa que o fim de semana está acabando. O sábado, por sua vez, indica que o domingo está se aproximando e a tristeza do começo do fim do fim de semana (ok, isso ficou confuso) já começa no próprio sábado. Desse modo, a sexta-feira se torna o único dia do fim de semana que presta, mesmo a sexta-feira não sendo parte do fim de semana.

Tendo a sexta-feira com o único dia da semana para aproveitar a vida, resolvo procurar por um show de rock na cidade para assistir homens de idade avançada com tatuagens apagadas pelo tempo usando all-star e sem fôlego para cantar já na terceira música. Estava precisando me animar e nada melhor do que ver alguém numa situação pior que a sua.

Busco por shows nas redes sociais das principais casas da cidade e me deparo com uma situação curiosa: todos os shows que iam acontecer eram covers, nenhum show autoral. As apresentações eram todas intituladas “Tributo a...” e o nome da banda/cantor. Pergunto, qual o sentido em fazer um tributo ao Gabriel, o Pensador? Ele parou a carreira e o show é uma grande comemoração? Ir a um show cover do Gabriel, o Pensador é um perigo, as pessoas vão aprender as letras das canções e reproduzi-las por aí, adiando o tão sonhado ostracismo de Cachimbo da Paz.

Se esse momento de shows covers vai crescer e se estabelecer, então que ele chegue ao Gabriel, o Pensador e ele resolva fazer do show dele um tributo a outra banda, dando um alívio ao seu público o tormento que seria pagar para ouvir duas horas de rimas poéticas.

Voltando à minha saga, opto por ficar em casa, já que um show cover nada mais é que um karaokê com a nota zero recorrente no final de cada música. Como eu não estava disposto a ouvir pessoas que pararam no tempo se passando por Renato Russo ou Axl Rose, eu mesmo decido ser músico em meus aposentos e exerço a dificílima função de um DJ. Coloco um pen drive no meu computador e escuto as bandas autorais que surgiram nos últimos anos. De imediato entendo o que se passa na cabeça de quem tem o Thunderbird como referência e saio correndo de casa atrás de um show tributo.

Viva as bandas covers e a sua falta de coragem (ou talento) para criar algo próprio.

8 de jul. de 2022

É preciso criminalizar o pedido de fotos do pé!

 

Meu pack de radiografia do pé: apenas US$ 4,99/mês (a depender da frequência que eu lesionar e for ao ortopedista)

Dia desses, não sei precisar quando, eu estava utilizando o Instagram com o objetivo que ele foi criado: gastar horas ali sem nenhum propósito. Até então nenhuma novidade na rede social, muitas tatuagens de carpe diem, posições complexas de yoga na praia e homens de regata na academia com metade do mamilo aparecendo. Com todo esse conteúdo socioeducativo, a minha dose de entretenimento diária já havia sido consumida, contudo, uma coisa me chamou extrema atenção: por que o Instagram do Kléber Bambam é @bambamoficial? Será que ele pensou que alguém teria interesse em se passar por ele e sustentar toda uma vida na internet fingindo ser a sua figura?

Além disso, outra coisa que me chamou atenção foi a quantidade de pedidos que os homens fazem às mulheres, em sua maioria famosas, para mostrarem a extremidade inferior que assenta no solo, possibilitando o ser humano ser bípede e é composta por tarso, metatarso e dedos, também conhecida como pé. Não sei porque eu escrevi essa frescura toda só para falar do pé. São milhares de pedidos e declarações, que seriam mais adequadas no Instagram da Kibon (que não se preocupou em colocar o “oficial”), no entanto são direcionadas ao público feminino sem o menor acanhamento ou pudor.

Como o título trouxe, é preciso criminalizar o pedido de fotos do pé. Podemos estar diante de uma onda em que o nude pode não ser suficiente para conquistar a pessoa, sendo preciso também mandar foto do pé e, pior de tudo, nos obrigando a cortar as unhas com regularidade. A popularização desse absurdo já começou e está criando diversas vertentes, como o pack do pé, modalidade em que pessoas vendem um conjunto de fotos do pé. Vamos colocar a mão na consciência, pessoal! Tudo que vira moda o Victor Sarro faz. Será que é preciso mesmo a foto do pé dele nas redes sociais? Já não basta os vídeos do show dele?

É necessário abafar esse movimento crescente com fotos do cotovelo. Não constrange ninguém, não vai ter diferença nenhuma entre o cotovelo do Gominho e da Tatá Werneck e, assim, acaba com o constrangimento em ter que ver homens de 40 anos de idade pagando para ver o pé das pessoas. Que comecem os packs de cotovelo!

6 de jul. de 2022

Brasil, vamos investir em professores de Tik Tok, geofrafia não vai ensinar nenhuma coreografia!

Logo da empresa onde os jovens mais buscam trabalhar atualmente

Um assunto que tomou conta da internet por 15 minutos foi a fatura do cartão de crédito da (procurar a profissão dela na internet, não esquecer) Gabi Brandt no valor de R$ 377 mil. Diante de tamanha quantia, surgiu uma preocupação aos meus olhos. Não com o pagamento da conta, pois com um post a (procurar a profissão dela na internet, não esquecer) não só paga a fatura como custeia harmonizações faciais para a família inteira, mas sim com o futuro da classe trabalhadora das próximas gerações.

Os jovens estão cada vez mais dispostos a serem profissionais de aplicativo, vulgo tik tokers, buscando trabalhar com coisas que para a maioria da população, por muito tempo, era apenas um churrasco na casa do amigo Sandrinho. Pudera, a tentação é grande, afinal, trabalha-se alguns dias no ano e o restante você pode aproveitar e viajar para às Maldivas com a frequência que o Pedro Scooby viaja para às cavidades de um mundo paralelo que jamais foram acessadas.

Preocupado com o futuro da pátria, onde todos estão obstinados a trabalhar com Tik Tok, creio na iminente necessidade de alterar as bases escolares. Afinal, quem vai querer ser professor de geografia e ensinar às nossas crianças sobre restinga e tundra? Pois bem, já que vamos ter uma geração composta por tik tokers, vamos investir nisso! Precisamos de modificar a grade curricular do ensino fundamental e substituir disciplinas como história, ciências e matemática por React I e II, Danças Brasileiras, Danças Internacionais e Introdução às Pegadinhas. Formar um tik toker profissional vai movimentar muito mais a economia do que formar um arquivologista.

Outra discussão necessária nesta altura do campeonato é sobre quando dormir vai ser uma profissão regularizada. Se atualmente o trabalho formal implica em uma jornada de 8h diárias, por que as 8h diárias de sono recomendada pela OMS não podem ser aproveitadas para preencher essa obrigação trabalhista? A gente liberaria as 8h do trabalho formal para outras atividades e, assim, poderíamos sentir o gostinho de como é ser da família Picón.

Pelo direito de todos poderem fazer das suas atividades de lazer uma profissão! Todo mundo quer se divertir trabalhando. Ninguém tira o fim de semana para levar a família para passear no fórum ou para sair com a namorada em uma ida ao escritório e preencher umas planilhas no Excel. CLT já para o tik toker!

5 de jul. de 2022

É impossível aprender a cozinhar assistindo MasterChef! O que é uma vieira?

Você confia no editor responsável pelas legendas do que ele fala?

Morar sozinho impõe algumas obrigações que antes, na condição de espectador da vida dos pais, pareciam fáceis. Agora, diante de tais obrigações que precisam ser realizadas por mim, percebo que ter levado dias para derrotar o Robotnik no Sonic não fez de mim um adulto capaz de realizar atividades domésticas.

Frustrado por ninguém ter me ensinado em nenhum momento da vida a como fazer um misto quente, decido escolher um reality culinário para aprender a cozinhar esta iguaria brasileira. A missão começa por qual reality assistir. O SBT exibe um programa chamado “Cozinhe se Puder – Mestres da Sabotagem” em que os participantes precisam cozinhar diante de adversidades, como vestir sapatos imensos, usar máscara de mergulho e ter que ouvir o Otaviano Costa imitando algum barulho que ele jura que é legal. Como se não bastasse toda a dificuldade que o próprio ato de cozinhar impõe, eu ia ter que aprender a cozinhar buscando um presunto na geladeira pulando num pé só. Portanto, SBT descartado.

Quando mudei para a Record e vi que um rapaz muito bem intencionado pedia para colocar um copo d’água em cima da televisão, entendi que era uma técnica mais avançada e não se aplicava ao meu caso. Acredito na boa intenção dele ao querer ensinar a cozinhar em cima da televisão enquanto assiste ao programa, mas como não tenho uma técnica desenvolvida, eu poderia deixar cair algo na TV. De todo modo, fiz um PIX como ele pedia, e ele me concedeu o perdão, mesmo eu não tendo feito nada a ele.

Perdoado por algum possível mal que eu tenha causado à TV Record, troquei de canal e fui parar na Band. Naquele instante meus olhos brilharam. Eu vi um homem de terno vermelho falando palavras ininteligíveis e, de imediato, coloco um fim à minha busca pelo reality culinário que vai me ensinar a cozinhar. Se um rapaz que mal sabe falar e precisa de legenda para ser compreendido consegue cozinhar, ter reprovado três vezes na sétima série teve sim um propósito para mim: me tornar o novo MasterChef.

Assisti várias temporadas em sequência do MasterChef – via YouTube – e percebi que eles não ensinam coisas simples, como passar manteiga no pão. Como tudo no mercado está caro, eles aproveitam e fazem comidas que são caras desde sempre e negligenciam o simples. Não vi um episódio que tivesse a prova de quem passa o melhor café. Toda temporada tem a prova da vieira, mas eles esquecem de explicar o que é uma vieira. Já procurei na padaria, na sorveteria e na quitanda, ninguém vende a tal vieira. Na falta da vieira, eu comprei um quindim, que nada mais é que uma vieira geneticamente modificada.

À medida que eu fui assistindo aos episódios, percebi que cozinhar é algo mais complicado do que eu pensava. Por que eles chamam arrumar a bagunça de mise en place? É uma língua que eles inventaram para o cara de terno vermelho entender? Por que a Ana Paula Padrão está sempre preocupada com o empratamento? Ela não pode comer direto da panela? Por que eu fui julgado pela Luísa Mell quando inventei um prato vegano que utilizava camarão? São muitas as dificuldades impostas pelo programa, o que me faz pensar que o SBT estava certo ao mostrar que na cozinha real você tem que cozinhar fazendo embaixadinhas.

Diante de tantos empecilhos, eu cheguei à conclusão que eu sou livre para desenvolver o meu próprio método de cozinhar. São tantas medidas para usar uma farinha, como xícara, colher de sopa, colher de chá, que o melhor seria uniformizar as medidas para mãozadas. Quantas mãozadas de queijo essa receita pede? Problema resolvido, todo mundo tem mão! Se você não tem, certamente você conhece alguém que tenha.

De agora em diante, só assistirei aos realities culinários para torcer por alguém. Diferentemente de torcer por um participante de um reality show de música ou de sobrevivência, eu não consigo apreciar o que o candidato fez, deixando a minha confiança nas mãos do profissional que está julgando aquele prato. O que é algo muito perigoso, pois eu tenho que depositar não só a confiança nele, mas também no editor que é responsável por inserir as legendas na fala do chefe de terno vermelho. E se ele inventa tudo o que o chefe diz e escreve qualquer coisa na legenda? E se um dia ele não entender o que o chefe de terno vermelho fala, o episódio vai ser dublado? Assistir a um episódio do MasterChef é como andar de avião, você coloca toda a sua confiança nas mãos do profissional e aceita que ele está te guiando para o lugar certo.

Não é uma tarefa simples cozinhar e, principalmente, assistir a um reality culinário. São duas coisas desafiadoras e que exigem anos de estudo e prática. A Sadia deve ter um misto quente congelado para mim. Melhor assim.

2 de jul. de 2022

Marvel, não queremos um herói brasileiro que rouba, queremos ficção!

 

Mancha Solar: o herói brasileiro que tinha o poder de roubar

Você já ouviu falar em Roberto da Costa? Não, não é o porteiro do seu prédio. Não, não é o nome de batismo da Gal Costa. Não, não é... ok, pare de tentar adivinhar. Roberto da Costa, carioca, é filho do milionário Emmanuel da Costa e possui um alter-ego chamado Mancha Solar. Sim, estamos falando de um herói brasileiro da Marvel, mais precisamente um mutante que foi aluno do Prof. Xavier na Escola Xavier para Jovens Superdotados. Sua primeira aparição ocorreu em novembro de 1982, onde apresentou ao público seus principais poderes: a absorção da energia solar (roubo, como bom carioca) e transformação dessa energia em força sobre-humana, voo e radiação ultravioleta. Resumindo, ele fazia um gato do sol, se apropriando de uma energia que ele não tem direito algum sobre.

O herói chegou a fazer uma aparição no filme X-Men: Dias de um Futuro Esquecido, sendo interpretado pelo mexicano Adan Canto. E aí eu te pergunto, caro leitor, você está satisfeito com a existência de apenas um herói brasileiro de destaque no catálogo da Marvel e sendo ainda interpretado por um mexicano? Será que eles tão vingando a comunidade mexicana por a gente ter feito algo similar colocando Nutella no burrito? Se desde 1982, há exatos 40 anos, não surge um herói brasileiro aclamado, temos que investigar o que aconteceu de lá para cá. Será que eles viram que Sérgio Mallandro foi um príncipe e pensaram que qualquer idiota então pode virar herói e por isso desistiram?

Muitas são as hipóteses do real motivo da Marvel não criar um herói brasileiro que atue em nosso solo. Uma possibilidade é que a Marvel concluiu que ela cria apenas heróis e não santos milagreiros. Para resolver a situação do país, talvez Morgan Freeman, como Todo Poderoso, fosse a melhor indicação. Outro ponto é que os gastos do herói seriam grandes, o que afastaria um possível interesse da Marvel na produção. Com o real desvalorizado, possivelmente o herói ia ter que abrir um Only Fans para complementar a renda e fazer publis ao lado do Kid Bengala, que apesar de ter nome de herói, é apenas um senhor de idade chamado Clóvis.

Uma questão que foi ventilada, é o possível equívoco da Marvel em achar que aqui ela encontraria uma forte concorrência em relação ao mercado de heróis. Não se iluda, dona Marvel. Enquanto o Capitão América defende a sua pátria, aqui temos o oposto. Trata-se de um capitão que faz cosplay de presidente, tem uma arma mortal chamada cloroquina e um exército de robôs que dissemina suas informações extraídas de uma fonte segura chamada Wikipédia. Ok, alguns o chamam de Dr. Estranho e querem, até com uma certa urgência, que sua esposa interprete a Viúva Negra. Mas acredite, não são heróis. Na família você vai até encontrar alguns membros que gostam de brincar de herói, como seus filhos. Eles possuem uma grande inspiração no Quarteto Fantástico e nós os chamamos assim: Sr. Fantástico em falar merda, Laranja-invisível, Tocha nem tão humana e o Coisa, que não precisou de alteração no apelido, pois caiu como uma luva. Ah, e também existe um vilão, chamado COVID-19, que não foi combatido e agora é um aliado desse grupo.

Apesar disso, nós não temos heróis, cara Marvel. E a necessidade é grande, chegando ao ponto até de considerarmos um mendigo um herói só por ter praticado um ato libidinoso com uma moça. Corremos o sério risco de nascer um filme inspirado no mendigo e, pior ainda, protagonizado pelo Thiago Fragoso.

Portanto, Marvel Entertainment, Inc., esta nação clama por um herói brasileiro. Inspirações com certeza não faltam. Aqui, a gente sobrevive a uma poluição sonora que emite um barulho semelhante a “fora da casinha”, tomamos um gole de cerveja a cada dez minutos só pra dizer que o copo Stanley é útil e frequentamos academia somente por 5 minutos diários, tempo suficiente para postar nos stories.

Sugiro que vocês, criadores de conteúdo da Marvel, abram o seu coração e vejam o Brasil não só como uma terra governada por um homem que acha que Jesus seria fuzileiro naval nos dias de hoje, mas como um lugar em que advogados, médicos e presidenciáveis estão fazendo uma reparação histórica ao terem que dançar no Tik Tok para promoverem seus trabalhos. Venha, herói brasileiro, e não abra um podcast. Crie a sua jornada, porque a luta não vai ser fácil.

Stranger Things: como explicar para alguém que nunca assistiu

  Eleven: não sei qual das três é ela O título é bem claro! Eu – que nunca assisti Stranger Things – vou ensinar você que assistiu a explica...

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