9 de set. de 2022

Rock in Rio: o evento que tem mais a ver com o assistente do Silvio do que com o gênero musical

Larissa Manoela sendo rockeira

No ano de 2017, eu tive a oportunidade de conhecer o principal evento do Rio de Janeiro: Caetano Veloso estacionando o carro no Leblon. Após vivenciar um acontecimento de tamanha magnitude, fui convidado a estar presente no Rock in Rio, uma festividade que tem como principal objetivo nos mostrar que existem coisas melhores na vida do que assistir um artista no palco a léguas de distância e que você não tem certeza se ele realmente está lá ou se trata de um sósia. Tenho certeza que o Axl Rose nunca esteve no Rock in Rio, sempre foi o Vinny. Aliás, eu tenho uma teoria que eles colocam qualquer anônimo no palco - já que o público fica muito distante - e projetam nos telões alguma gravação caseira, aí sim dos artistas originais. Todos saem ganhando, a organização que economizou em passagens aéreas, o público que estava in loco e acompanhou o show por duas telas, a do palco e a do próprio celular e o artista que não precisou pisar no Brasil e provar pão de queijo com goiabada.

Neste ano, o Rock in Rio, que sempre aposta em novidades e rotatividade dos artistas que lá se apresentam, levou ao palco pela primeira vez os novatos do Iron Maiden, Jota Quest e Sepultura. Quando anunciaram o Jota Quest, por sinal, foi uma mistura de emoções. Primeiro foi um alívio, eu achei que eles estavam perdidos no metaverso com Maurício Manieri, Luka e Os Virgulóides. E aí, quando subiram ao palco, eu fiquei momentaneamente maravilhado. Por um instante achei que a Palmirinha era a nova vocalista da banda, mas não, era só o Rogério Flausino provando que é brasileiro e não desiste nunca. Nunca MESMO.

Ao olhar para a plateia, você logo identifica um público engajado com a temática do rock, repleto de pessoas que usam camisa do Ramones pensando que é similar a Dior e acham que Green Day é uma passeata organizada pela Marina Silva. "Scorpions? Prefiro o Sub-Zero"! É um público mais deslocado que a Rita Cadillac no Only Fans.

Pois bem, voltando à minha experiência no ano de 2017, eu tive o prazer e a sorte de estar presente em uma edição que disponibilizava um cardápio requintado assinado por um chefe francês. Mentira, era só Bob's mesmo que tinha pra comer. Os caras investem milhões, trazem Red Hot Chilli Peppers, Metallica, Maroon 5 e na hora de fechar patrocínio é como se tivessem fechado com Tiririca, Falcão e Lady Lu. E o mais absurdo é que custava 40 reais um sanduíche do Bob’s. Só que dizem que quando você está com fome, ela é o tempero que transforma qualquer comida em prato de restaurante francês. O que é verdade, eu estava com tanta fome que aquele Bob’s parecia que tinha vindo diretamente do lixo de um restaurante francês.

Outra atração do dia que eu fui - também uma experiência bem rockeira -, consistia em entrar num ambiente fechado dentro do próprio Rock in Rio e assistir aos integrantes do Porta dos Fundos jogando videogame. De imediato já fiquei aliviado, porque poderia ser pior, como assistir aos integrantes do Porta dos Fundos atuando em uma esquete. E o mais interessante de vê-los jogando videogame é que se trata de uma experiência bem fidedigna aos seus vídeos, você aguenta 30 segundos no máximo.

Para a edição deste ano, se você não conseguiu comprar ingresso a tempo, fique tranquilo, você pode comprar com a irmã do ex-jogador Léo Moura, que está fazendo um bico de cambista. Segundo a imprensa, a golpista utilizava o nome do irmão para se aproximar das vítimas e aplicar o golpe. Eu estou tentando imaginar qual foi a conversa utilizada para se aproximar da vítima: “não fala pra ninguém, mas eu sou irmã do Leonardo Moura e o gol que ele fez em 2006 rendeu um par de ingressos pro Rock in Rio deste ano, acredita? Se você pagar mais mil reais, eu ainda descolo uma foto autografada do Ronaldo Angelim pra você.”

Por fim, destaco os brinquedos que o evento disponibiliza. Em sua maioria, são brinquedos que prometem muita diversão, geram desconfiança nas pessoas, começa em cima e termina em baixo e em determinado momento você percebe que não contribuiu em nada na sua vida. Sigo falando da tirolesa e da roda gigante, não estou falando do Ciro Gomes.

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