Eleven: não sei qual das três é ela |
O título é bem claro! Eu – que
nunca assisti Stranger Things – vou ensinar você que assistiu a explicar pra
alguém que nunca assistiu. Entendeu? Hoje em dia, as redes sociais são tão
educativas que, por meio delas, você consegue assistir um filme sem assistir, escutar
uma música sem escutar e odiar alguém que nunca existiu, como essa invenção do
multiverso da internet chamada Arthur Aguiar.
A missão de explicar algo tendo
zero conhecimento no assunto é bem desafiador, estou sentindo na pele como é
ser o Castanhari. Como eu estava cansado de tentar entender a série por meio da
explicação dos outros, tomei uma atitude e resolvi acompanhar pelo Twitter, já
que eu não vou gastar meu tempo assistindo uma série que tem mais de três
minutos por episódio. De todo modo, hoje eu posso me considerar um especialista
em Stranger Things, assim como a Jade Picon se considera uma atriz. Aliás, se
eu fosse o autor da série, certamente ela teria vaga garantida no papel de
espectadora. Se existisse uma vinheta, era agora que eu falaria “então puxa o
meu dedo e venha curtir comigo!”
Primeiro de tudo, pra você não
cometer o mesmo equívoco que eu cometi, Stranger Things não é um reality que
acompanha os procedimentos estéticos da GKay. É uma série que mistura drama,
terror, suspense e tem uma pegada que pode lembrar IT: A Coisa, cujo
protagonista é o Pennywise e não a GKay. Não insista, são pessoas diferentes.
Stranger Things é uma série que
envolve criaturas monstruosas, governo e dimensões paralelas, e está na
Netflix, não na Globo News. Neste caso, o título mais apropriado seria “Normal
Things: Bolsonaro no multiverso da cloroquina”. A série tem como cenário uma
cidade fictícia, onde um rapaz desaparece misteriosamente. E essa é a breve
sinopse de “Normal Things: Bolsonaro no multiverso da cloroquina”, que se passa
em Ratanabá e um indigenista desaparece “misteriosamente.”
Voltando para Stranger Things, na
década de 1980, Onze, uma menina com superpoderes, que não teve idade
suficiente (ou um nome legal) para ser X-Men, conhece quatro amigos que estão
preocupados em salvar seu amigo Will, que está desaparecido. Will foi abduzido
e levado para uma realidade paralela chamada Mundo Invertido, como aquele em
que a Juliette vive. As criaturas que vivem neste Mundo Invertido possuem
formas variadas e estranhas, cheiros duvidosos e um poder de sucção perturbador,
parecido com o que esses adolescentes estão prestes a encarar dentro de alguns
anos em seus quartos.
Will consegue ser resgatado deste
universo paralelo, mas, estranhamente, ele ainda sofre consequências das
entidades que vivem no Mundo Invertido e do monstro Devorador de Mentes, uma
espécie de Léo Dias só que no mundo certo. Todos estão preocupados e tentam
fechar o portal do Mundo Invertido, visando evitar que mais pessoas sejam
abduzidas pelas criaturas que lá existem.
Nesse meio tempo, o detetive da
cidade, Jim, decide criar Onze de maneira adotiva, o que gera uma revolta na
Antônia Fontenelle e faz com que a menina fuja da cabana em que vivia com o
detetive. Outro ponto que vale a pena destacar é que, em uma determinada
temporada, a série também expõe alguns dramas dos adolescentes, como romance, amizades
e ser adolescente, que por si só já é um drama pra todos que vivem ao seu redor.
Não sei dizer em qual temporada isso acontece, porque no Twitter as pessoas se
comunicam na base do ódio. Se você perguntar qual o nome do diretor da série,
vão responder com uma hashtag #pablovittarmerecerespeito. Mas se ainda assim você
quiser saber, é só mandar DM pra algum perfil que tenha foto de um membro do
BTS que ele vai te explicar e perguntar se você quer namorar virtualmente com
ele.
Lembra que eu falei que tinha
governo metido nessa série? Pois é! O governo russo, representado por
cientistas, tenta abrir um portal embaixo de um shopping para ter acesso ao
Mundo Invertido. Curioso que para os russos, guerras e bombas nucleares fazem
parte de um mundo normal, mas abrir uma porta num shopping é algo digno de
inversão de mundos.
Depois da Onze ter ficado
assustada com a indignação da Antônia Fontenelle, ela entra em uma batalha
contra o Devorador de Mentes e fica ferida, o que a faz perder seus poderes. Esse
é o grande equívoco de dar grandes responsabilidades para uma criança que acaba
de entrar na puberdade. Se ela estivesse jogando Minecraft, o máximo que
aconteceria seria descobrir o canal do Felipe Neto e ficar retardada pro resto
da vida. Mas quis brincar de heroína cedo, não soube reter os poderes e como
castigo teve que se mudar para a Califórnia, onde vai morar com a família do
Will. Apesar de não ter ficado claro o motivo da mudança para a Califórnia, a
principal teoria é a soberba dos personagens Onze e Will, que recebem por
episódio um salário muito superior aos colegas coadjuvantes que recebem míseros
US$ 20 mil por episódio. Um claro exemplo de trabalho escravo.
Para o Volume 2 da 4ª temporada, que
será lançado dia 1º de Julho, são aguardados dois episódios com duração de 1h25
e 2h30. A dica é que você assista de meia em meia hora e, assim, transforme
dois episódios em oito. Foi assim que eu transformei Grey’s Anatomy em uma
condenação perpétua pra minha vida.
Esse é o resumo de Twitter para Stranger Things. Se mesmo assim você tentar explicar a um amigo e ele não se interessar pela trama, o que ele merece mesmo é assistir alguma série produzida pela GloboPlay com a câmera tremendo e focando no queixo dos atores.
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