30 de jun. de 2022

Stranger Things: como explicar para alguém que nunca assistiu

 

Eleven: não sei qual das três é ela



O título é bem claro! Eu – que nunca assisti Stranger Things – vou ensinar você que assistiu a explicar pra alguém que nunca assistiu. Entendeu? Hoje em dia, as redes sociais são tão educativas que, por meio delas, você consegue assistir um filme sem assistir, escutar uma música sem escutar e odiar alguém que nunca existiu, como essa invenção do multiverso da internet chamada Arthur Aguiar.

A missão de explicar algo tendo zero conhecimento no assunto é bem desafiador, estou sentindo na pele como é ser o Castanhari. Como eu estava cansado de tentar entender a série por meio da explicação dos outros, tomei uma atitude e resolvi acompanhar pelo Twitter, já que eu não vou gastar meu tempo assistindo uma série que tem mais de três minutos por episódio. De todo modo, hoje eu posso me considerar um especialista em Stranger Things, assim como a Jade Picon se considera uma atriz. Aliás, se eu fosse o autor da série, certamente ela teria vaga garantida no papel de espectadora. Se existisse uma vinheta, era agora que eu falaria “então puxa o meu dedo e venha curtir comigo!”

Primeiro de tudo, pra você não cometer o mesmo equívoco que eu cometi, Stranger Things não é um reality que acompanha os procedimentos estéticos da GKay. É uma série que mistura drama, terror, suspense e tem uma pegada que pode lembrar IT: A Coisa, cujo protagonista é o Pennywise e não a GKay. Não insista, são pessoas diferentes.

Stranger Things é uma série que envolve criaturas monstruosas, governo e dimensões paralelas, e está na Netflix, não na Globo News. Neste caso, o título mais apropriado seria “Normal Things: Bolsonaro no multiverso da cloroquina”. A série tem como cenário uma cidade fictícia, onde um rapaz desaparece misteriosamente. E essa é a breve sinopse de “Normal Things: Bolsonaro no multiverso da cloroquina”, que se passa em Ratanabá e um indigenista desaparece “misteriosamente.”

Voltando para Stranger Things, na década de 1980, Onze, uma menina com superpoderes, que não teve idade suficiente (ou um nome legal) para ser X-Men, conhece quatro amigos que estão preocupados em salvar seu amigo Will, que está desaparecido. Will foi abduzido e levado para uma realidade paralela chamada Mundo Invertido, como aquele em que a Juliette vive. As criaturas que vivem neste Mundo Invertido possuem formas variadas e estranhas, cheiros duvidosos e um poder de sucção perturbador, parecido com o que esses adolescentes estão prestes a encarar dentro de alguns anos em seus quartos.

Will consegue ser resgatado deste universo paralelo, mas, estranhamente, ele ainda sofre consequências das entidades que vivem no Mundo Invertido e do monstro Devorador de Mentes, uma espécie de Léo Dias só que no mundo certo. Todos estão preocupados e tentam fechar o portal do Mundo Invertido, visando evitar que mais pessoas sejam abduzidas pelas criaturas que lá existem.

Nesse meio tempo, o detetive da cidade, Jim, decide criar Onze de maneira adotiva, o que gera uma revolta na Antônia Fontenelle e faz com que a menina fuja da cabana em que vivia com o detetive. Outro ponto que vale a pena destacar é que, em uma determinada temporada, a série também expõe alguns dramas dos adolescentes, como romance, amizades e ser adolescente, que por si só já é um drama pra todos que vivem ao seu redor. Não sei dizer em qual temporada isso acontece, porque no Twitter as pessoas se comunicam na base do ódio. Se você perguntar qual o nome do diretor da série, vão responder com uma hashtag #pablovittarmerecerespeito. Mas se ainda assim você quiser saber, é só mandar DM pra algum perfil que tenha foto de um membro do BTS que ele vai te explicar e perguntar se você quer namorar virtualmente com ele.

Lembra que eu falei que tinha governo metido nessa série? Pois é! O governo russo, representado por cientistas, tenta abrir um portal embaixo de um shopping para ter acesso ao Mundo Invertido. Curioso que para os russos, guerras e bombas nucleares fazem parte de um mundo normal, mas abrir uma porta num shopping é algo digno de inversão de mundos.

Depois da Onze ter ficado assustada com a indignação da Antônia Fontenelle, ela entra em uma batalha contra o Devorador de Mentes e fica ferida, o que a faz perder seus poderes. Esse é o grande equívoco de dar grandes responsabilidades para uma criança que acaba de entrar na puberdade. Se ela estivesse jogando Minecraft, o máximo que aconteceria seria descobrir o canal do Felipe Neto e ficar retardada pro resto da vida. Mas quis brincar de heroína cedo, não soube reter os poderes e como castigo teve que se mudar para a Califórnia, onde vai morar com a família do Will. Apesar de não ter ficado claro o motivo da mudança para a Califórnia, a principal teoria é a soberba dos personagens Onze e Will, que recebem por episódio um salário muito superior aos colegas coadjuvantes que recebem míseros US$ 20 mil por episódio. Um claro exemplo de trabalho escravo.

Para o Volume 2 da 4ª temporada, que será lançado dia 1º de Julho, são aguardados dois episódios com duração de 1h25 e 2h30. A dica é que você assista de meia em meia hora e, assim, transforme dois episódios em oito. Foi assim que eu transformei Grey’s Anatomy em uma condenação perpétua pra minha vida.

Esse é o resumo de Twitter para Stranger Things. Se mesmo assim você tentar explicar a um amigo e ele não se interessar pela trama, o que ele merece mesmo é assistir alguma série produzida pela GloboPlay com a câmera tremendo e focando no queixo dos atores.

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