Um olhar de esperança para 2023! |
TCHAU, 2022! Olá, 2023, pode
sentar!
Pois bem, o ano de 2022 não
poderia se dar por encerrado sem uma cena que resumisse o que ele representou:
em busca de um Trident para mascarar o pequeno pedaço de cocô que estava
instalado na minha cavidade bocal, encontrei um exemplar perdido na cozinha. Era para
ele ser branco, mas estava num tom azul, algo suspeito, mas que eu não poderia me dar ao luxo de descartar – vai que era uma edição limitada do
Avatar. Na boca, não durou nem dois segundos, esfarelou. Agora fica a dúvida se
ele havia passado da validade ou se ele perdeu a batalha para o cocô.
Mas isso ficou para trás, é tão
2022 essa coisa looser. Pela primeira vez, ainda em 2022, eu tive
oportunidade de me sentir livre quando fui para a rua sozinho dar uma volto próximo à meia-noite. E como estava gostosa
essa liberdade, como eu apreciei. Agora eu sei porque as celebrities são
tão felizes. Porque elas são livres! Eu me senti feliz como o Tiago Abravanel,
estava com um casaco vermelho, um boné laranja e uma meia mais alta que a
outra. Depois eu me senti feliz como a GKay (antes da piada do Porchat), dançando,
fazendo air guitar e não estando nem aí se as pessoas estão falando se
eu sou como ela: desengonçado, doido, feio, sem talento, arrogante, fútil,
inútil, besta, soberbo e boca de quem chupou uma piroca dentro de um freezer. Também
foi oportunidade para experimentar músicas diferentes no Spotify e dar chance a
bandas que eu jamais daria, como Guns n’ Roses. E me surpreendi! Sim, é
possível ouvir uma música deles completa sem parar no meio. Duas eu tento no próximo Réveillon,
porque aí também já é demais. Estou tentando e querendo mudar, mas não sou a
Carol Konká, que em uma semana virou uma pessoa melhor, mudou o estilo, mudou
os princípios e aos fins de semana faz job de Freira no Convento.
Foi muito importante ver ao longo
do caminho pessoas livres como eu. Não se importar com as tradições do ano-novo
é de uma liberdade extrema. Eu vi isso em um ser hetero top macho passeando com
o seu delicado poodle à meia-noite. Além de livre, ele mostrava que tudo nesta
vida é uma questão de prioridade. Afinal, o que é mais importante, assistir ao
Show da Virada ou levar o seu pet para se aliviar? Qualquer que seja a sua
resposta, diz muita coisa sobre você, principalmente que você não tem amigos.
Mais adiante, agora ao som de Bon
Jovi (o shuffle foi mais rápido do que eu), eu vi uma moça com sua mochila nas
costas e o celular na mão. Ali eu criei uma personagem. Era uma interiorana,
recém-chegada à capital, com milhões de sonhos naquela mochila e um Google Maps
naquele celular, pois certamente estava bem perdida. Não ofereci ajuda, afinal,
a personagem era fictícia e na vida real poderia ser muito bem uma ladra e
aquele celular nas mãos dela apenas fruto de um roubo e na mochila tinha mais
dez que ela conquistou naqueles dez primeiros minutos de 2023. Aliás, um
celular roubado por minuto já nos minutos iniciais do ano é uma marca incrível.
O roubo vem se mostrando um mercado em alta para 2023, com boa margem para
lucros e que vale o investimento, caso você tenha um pequeno capital guardado.
Passei por outras tantas ruas
vazias e fedorentas (ou será que eu tava respirando muito pela boca?) até
chegar à rua da minha casa por volta de 0h30. Provar a liberdade não teve
preço, eu não sabia o sabor que ela tinha – ou pelo menos não lembrava. Eu me
senti uma criança provando uma Coca-cola pela primeira vez, se deliciando,
desejando aquele pequeno liquido preto para a vida inteira, sem saber que está dando início a uma dependência química aos seis anos de idade.
O mais curioso ao me aproximar de casa foi me deparar novamente com o desbravador da liberdade hetero top macho e seu pequeno cão. E foi aí que eu me enganei. Ele estava aprisionado aos desejos e necessidades do seu poodle. Provavelmente, seu desejo era estar na praia pulando sete ondinhas e não limpando fezes nas esquinas da cidade.
É melhor eu parar de romantizar e voltar a vida normal, estou
assistindo muito stories das gêmeas lacração.