26 de jun. de 2022

Eri Johnson: o homem que adapta peças para o teatro e esportes para a praia

Uma coisa que eu observei em meio a esse ócio "criativo" é que o brasileiro tem a mania de tentar adaptar todos os esportes para uma versão praiana. Futebol? Na grama tem que calçar chuteira, vamos levar para a praia! Vôlei? Na quadra não pega sol, vamos levar para a praia! Tênis? Tem que usar muita roupa, vamos levar para a praia! E quando você não tem tempo nem pra jogar futebol e vôlei, mas tem tempo pra ir à praia, pratica-se o futevôlei. Para quem não conhece, futevôlei é um esporte que tem bola, pontuação e rodada dupla de cerveja, sendo permitido jogar com uma latinha de Skol numa mão (Heineken é proibido) e um petisco na outra. É quase parecido com o frescobol, com a diferença que no frescobol, além da bola e da pontuação, é preciso ter uma barriga grande e peluda, uma sunga desbotada e uma esposa comendo milho e dividindo a mesma cadeira de praia com os três filhos. Se você ainda assim tiver dúvidas do perfil de quem pratica cada modalidade, é só olhar para o carro. Se o atleta possuir uma Ix 35, é do futevôlei, se for proprietário de um Del Rey que muda de cor com o passar dos anos, é do frescobol. E se tiver um carrinho de picolé, é só um vendedor ambulante.

Algumas teorias circundam a minha mente sobre o real motivo do brasileiro querer colocar areia em todos os esportes. Vamos lá!

A grande vantagem de ter um esporte sendo praticado na praia, é que ele vai ser amplamente divulgado pelo Eri Johnson. Acho que o grande sonho dele é instalar um palco, camarim e bilheteria na areia de alguma praia. Certamente ele se mudaria de vez para alguma barraca na praia e casaria com um siri. Portanto, essa é a minha primeira teoria: Eri Johnson é o responsável por levar as modalidades para o litoral. Metade do expediente de trabalho ele usa para adaptar comédias da Broadway, e a outra metade para adaptar esportes para as praias. Se você chegar pra ele e falar que inventou o par ou ímpar, ele já emenda: “rapaz, já pensou se a gente praticasse isso na praia?”

A segunda teoria que eu trago à tona, é a do Banco do Brasil ser o responsável por levar os esportes para às praias. Com os funcionários embaraçados em usar as camisas amarelas com o logo desproporcional na frente, a saída foi instalar arenas nas praias e distribuir as camisas ao público. São centenas de brasileiros felizes que receberam o traje e vão economizar com pano de chão no próximo mês. Isso vai despencar as vendas dos vendedores de pano de chão e fazer com que recorram a uma linha de crédito gold do banco. Alguém já leu na íntegra o Plano Real? Estou convicto que essa genial estratégia econômica foi desenhada ali dentro.

A terceira teoria é que o brasileiro leva os esportes para a praia pra não precisar pagar pra fazer as atividades físicas. Pra que pagar academia se eu posso colocar cones na areia e correr entre eles? Pra que tomar banho em casa se eu posso usar a ducha da orla? Pra que comprar areia pro gato se eu posso pegar da praia? E o mais curioso e contraditório disso tudo é que o brasileiro levou o futebol, o frisbee e o vôlei para a praia pra não ter que praticar em outros ambientes, mas quando vai fazer natação prefere ir ao clube e pagar uma mensalidade pra ter acesso a uma grande porção de água.

Por fim, a teoria que eu mais acredito é que a grande razão pro brasileiro inventar esses esportes seria pra divulgar que é referência neles, mesmo sendo praticado só aqui. Ah é, americano, você é o melhor no baseball? Quero ver você ser o melhor na peteca aquática. E aí, cria-se um esporte que não faz sentido algum, que se tiver alguma dúvida em relação as regras, vota-se entre aposentados - que estão do lado de fora aguardando a vez de jogar - qual é a decisão mais sábia a ser tomada naquele momento. E a decisão mais sábia nunca é “precisamos estabelecer regras”, afinal, uma vez que o Eri Johnson postou no Instagram que está praticando no Posto 8, a missão foi cumprida.

O mundo na praia gira em torno do Eri Johnson, é preciso a sua benção para algo dar certo na costa brasileira. A última capitania hereditária em solo brasileiro, e que ainda existe, são as praias e elas pertencem ao ator, executor de hang loose e imitador do Romário, Eriovaldo Johnson, ou Eri Johnson para os íntimos e para os que têm empatia em não chamar uma pessoa de Eriovaldo.

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